Hoje senti o desejo de postar esta poesia de palavras bem claras, bem esclarecedoras
do que observei quando era miúda, numa aldeia onde só o Sol e as crianças eram risonhas.
Labutava-se de sol a sol, para levar a vida por diante, nunca se ouvia a palavra fartura a não ser de cansaço.Tenho exactamente na minha memória o que vou aqui descrever.
Hoje, então vou dedicar a todos que como eu foram criados, estas tão simples palavras.
Na eira
Vieram tardes quentes de Verão
Na eira, malhava-se o pão
Depois, lançado no ar
Vinha o vento joeirar!
Quando o Sol amansava
Ficáva o cansaço
E a gente descansava
baixando o braço.
Bem tarde, á tardinha
Regava-se a horta
Ao chegar a noitinha
Sentava-se o corpo, na soleira da porta.
O cão ao lado fazendo companhia
E a gente suada, ali adormecia.
Deitavam-se os filhos
A mulher suspirava!
De tantos cadilhos
Que a Vida lhe dava.
E no desespero á taberna se ía
E com mais um copo, na mulher batia
Pronto a começar... nas mãos cuspia
Disposto a aguentar por mais um dia.
Imolados por uma Vida de insegurança
Viviam só de migalhas de esperança!
Chegando a noite com Amor ausente
Da boca brotavam palavras, secamente.