Domingo, 01 de Março, 2009

 

 

 

Hoje senti o desejo de postar esta poesia de palavras bem claras, bem esclarecedoras

do que observei quando era miúda, numa aldeia onde só o Sol e as crianças eram risonhas.

Labutava-se de sol a sol, para levar a vida por diante, nunca se ouvia a palavra fartura a não ser de cansaço.Tenho exactamente na minha memória o que vou aqui descrever.

Hoje, então vou dedicar a todos que como eu foram criados, estas tão simples palavras.

 

Na eira

 

Vieram tardes quentes de Verão

Na eira, malhava-se o pão

Depois, lançado no ar

Vinha o vento joeirar!

Quando o Sol amansava

Ficáva o cansaço

E a gente descansava

baixando o braço.

 

Bem  tarde, á tardinha

Regava-se a horta

Ao chegar a noitinha

Sentava-se o corpo, na soleira da porta.

O cão ao lado fazendo companhia

E a gente suada, ali adormecia.

 

Deitavam-se os filhos

A mulher suspirava!

De tantos cadilhos

Que a Vida lhe dava.

 

E no desespero á taberna  se ía

E com mais um copo, na mulher batia

Pronto a começar... nas mãos cuspia

Disposto a aguentar por mais um dia.

 

Imolados por uma Vida  de insegurança

Viviam só de migalhas de esperança!

Chegando a noite  com Amor ausente

Da boca brotavam palavras, secamente.

 

 

 

sinto-me: nostálgica
publicado por rosafogo às 16:33

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