Hoje chegou o dia de dar um arrumadela nos livros soltos por aí, então como sempre faço
vou folheando ora um, ora outro antes de o colocar no seu respectivo sítio. Acontece que ao
abrir um de poesia me apercebi que o poeta tinha pavor da velhice e então escreveu:
«Para que a receias, pois, e te lastimas?
O varão forte vence a dor, não chora;
Volta ao violão jucundo, às tuas rimas
Volta a viver antigo, sem demora;
Que quanto mais da noite te aproximas,
Mais te aproximas do explendor da aurora!»
Sempre esta realidade atroz, que nos persegue, tantas vezes eu volto a viver antigo, para esquecer a crueza da relidade.
Coragem
A frialdade da vida põe-me assim algemada
Até o coração bate com rítmo estranho
Sente o pesadelo da já longa caminhada
E finge não doer, mas a dor não tem tamanho!
Nas garras do tempo me vou deixando prender
Meu olhar ressentido, lembra tempo de vanglória
Resta o tempo de procurar réstia de prazer
Na míngua dos recessos da memória
Quando vier a voz do vento
No meu peito haverá paz
Esqueço o tempo e o lamento!
Tal como o vento não se deixa prender
Assim terei coragem, vou ser capaz!
Nada me levará á força, de pé quero morrer!