Há memórias, que de vez em quando nos surgem e que são tão nossas, pertencem-nos tão por inteiro, que é difícil partilhá-las, não só do modo como as descrever, como também por serem tão nossas, pouco interesse têm para os outros. No entanto mesmo pensando ser assim , vou contar UMA HISTÒRIA VERDADEIRA,( é o titulo duma pequena redacção, feita
pelo meu neto há cerca de dez anos) e que diz o seguinte:
Quando era nova a minha avó Tátá era muito namoradeira.
Um dia, farta dos namorados que tinha, pediu ao Stº António que lhe desse um namorado chamado António.
O Santo acedeu ao seu pedido. Conheceu um rapaz chamado António que era muito bonito e por quem ela se apaixonou. Acabaram por casar. Hoje o rapaz é o meu avô Tótó.
A minha Avó ficou devota do Santo António e, hoje em dia, quando precisa de resolver algum problema mais grave pede ao Santo. Diz ela que até hoje Ele nunca lhe faltou.
Está linda aos meus olhos, sou de facto devota deste Santo e a história que ele deve ter -me ouvido ou á mãe contar, é verdadeira , assim como quando preciso sempre alcanço a graça que ao Santo peço. Este meu neto, recordo-o de pequenino sempre muito bem falante e muito atento, daí que com tão pouca idade tenha feito a redacção, que esteve exposta na sua escola durante a sua permanência nela.
Coisas do tempo
Minhas memórias guardo ciosamente
Ás vezes já um pouco suavizadas
Nunca, por nunca ser delas ficarei ausente
Até serem em mim ressonâncias apagadas
Ás vezes não tenho projectos para amanhã
O meu desejo fica no tempo parado
O meu sonho, o meu grito são toada vã
O meu caminho parece do Mundo isolado
Ás vezes sou p'las lágrimas ameaçada
Outras, dentro delas bem me sinto
Vertidas porque já é longa a caminhada
Ou de felicidade, duma esperança que persinto.
Ás vezes, arranco um grito fundo do coração
Lembro com saudade do tudo p'ra nunca mais!
Outras, deixo- me ficar na raiz da solidão
E com a saudade no peito de onde não sai jamais.
Ás vezes, olho a Vida com humildade e gratidão
Outras vezes o meu rancor lhe arremesso!
Há dias que tenho perfumados a Alma e o coração
Outros, em que com indiferença tudo esqueço.
Ás vezes, sinto descompassado o coração
Deixo-me solitária no meu canto a meditar
Outras vezes, solto-me á Vida na tentação
De viver o tempo que me resta, e a Vida amar!