Hoje estou um pouco murcha, como esta flor que há umas horas atrás estava tão feliz, mas que o Sol não poupou e já não consegui apanhá-la no seu melhor.
Quem não tem juízo, o corpo é que paga e é bem certo este ditado popular.Mas, quem não experimenta, não sente a adrenalina, nem a liberdade que se tem andando sobre duas rodas. Às vezes paga-se caro, e depois tem de se aguentar as consequências.
Por um tempo ganha-se juízo, mas esquecendo... quem sabe?!!!
O poema que vou aqui deixar, fiz há algum tempo atrás, tinha na ideia melhorá-lo um pouco
mas acho que se ele nasceu assim é tarde para o modificar, e eu tenho medo que fique mais triste ainda.
Átomo perdido
Meu rosto enrugado é mapa da minha vida
Vida que pulsa num mito de esperança
Esperança, que surge do nada e se esvai perdida
Perdida, deixando-me desvalida, como pobre criança.
Criança, cuja imaginação é feita de sonhos e quimeras
Quimeras que esboçam este frágil poema de liberdade
Nesta memória que recua até outras primaveras
E que me deixa numa incomensurável felicidade!
Mas é quase sempre a angústia, que ganha terreno
E logo me deixa barco desfeito em tempestade.
No silêncio das minhas noites o coração fica sereno
E é testemunha presente, quando me assola a saudade.
Sinto o que resta de mim um átomo perdido
Sinto-me réstia dum dia a chegar ao fim
Sinto-me, resto dum futuro esquecido!
Liberto meu grito, para que a Vida não esqueça de mim.
Quantas incertezas no meu pensamento
Solto as minhas esperanças aqui e agora
Nesta procissão de palavras, deixo meu lamento
E parto á procura dum novo dia, duma nova aurora.
Eu que fui terra semeada, sou agora terra devastada
Mas como posso lutar, contra a corrente?
Dou livre curso às lágrimas se me sinto malfadada
Deixo ao destino o rumo e sigo em frente.
Meu rosto não sabe, nem vai jamais lembrar
O espelho que o namorou e na distância já se vai
Ilusão fugaz, é agora remanescente que o vem sossegar
Também, um resplendor finjido, como a vida que se esvai.
