Segunda-feira, 24 de Agosto, 2009

 

 

Hoje um dia igual a tantos, com pouco bulício, aqui por casa um pouco de silêncio, e a esta hora só eu e os meus pensamentos.

Hoje de tanto escrever sobre quanto me custa o caminhar nesta vida, principalmente por

ver passar tão rápidamente o tempo me lembrei:

Como não tenho razão, para mim a velhice a comparo a água estagnada, inquinada que serve para quê?! Enquanto a juventude essa sim é água pura brotando da fonte bem

cristalina.

 

Hoje estou como este mar, deserto mas calmo, e vou deixar uma poesia um tanto sentida.

 

Palavra sentida

 

 

Tudo a ruir!

Como castelo de areia

E o futuro por definir

Ardendo meu sangue em cada veia.

Rasgo meus pés pelo caminho

Fico desfeita no sonho

Abutre é o tempo, nele adivinho

O meu desmoronar medonho.

 

Patéticamente, tudo em mim se agita

Nestas horas onde tropeço

Os gestos, as palavras, tudo em mim grita

Mas nada tem retorno, nem recomeço.

 

Minha palavra já se inventa

Minha carne se abre em ferida

Impensada história, saudade já lenta.

Meu percurso ignorado, palavra sentida!

 

sinto-me: serena
publicado por rosafogo às 00:32

Domingo, 16 de Agosto, 2009

 

Na aldeia, que mais se pode fazer?! Ler, ouvir música, tratar do jardim depois do sol~pôr,

e dar uma voltinha já quase ao anoitecer, para apanhar o fresco da noite. Nesta aldeia, passa um rio de nome Sorraia, um rio de leito largo, margens cheias de curvas, onde

crescem imensos salgueiros, e outras espécies de vegetação mimosa verdejante, que

apetece olhar, nela pousam as garças, as galinholas de água, cegonhas e mais que eu

santa ignorãncia, não sei os nomes. Depois há também os grilos e as cigarras, que com o

calor enchem de melodia as margens e os campos em volta. E assim passam os dias

e  por aqui ando.

 

O poema que hoje deixo, fi-lo, duvidando se haveria de postar ou não, porque embora o tenha feito sentidamente, acho-o um pouco pobre... mas vou arriscar, me dirão os amigos o que acham.

 

Empurro a noite

 

Às vezes me encho de raiva

Fico inventando um pouco  de  felicidade

Quero que o Mundo saiba

Que sou criança!?  Só confundi a idade.

 

Solto meus anjos e demónios

Esqueço as insignificãncias da Vida

Meus risos são infinitos!

Meus choros?! Esses malditos!

A Vida é coisa esquecida

No meio das coisas perdidas.

Mas não me dou por vencida.

 

Empurro a noite, levo-a à minha frente

Já me perco um pouco da realidade

Esqueço o passado e até o presente.

Conservo só o sabor da saudade.

Criança sim sou!

Ou esqueci a idade?!

Lembro agora, só sombra estou.

Encontrei minha verdade.

 

 

 

 

 

 

 

publicado por rosafogo às 20:36

Quarta-feira, 12 de Agosto, 2009

 

 

Banalíssimo este meu dia, um pouco de leitura esta tarde, uma  ou outra consulta na net,

dois poemas saíram, mas nada por aí além,  aqui vai ficar um deles, eu até posso não gostar muito, mas ao som desta música, cai-me bem, sinto -lhe beleza, então vou soltá-lo.

 

Sou feliz mesmo assim!

 

 

Viajei mil anos

Tantos degraus na subida!

Tantos sonhos acordados, tantos desenganos,

Mas sou feliz mesmo assim!

Estremeço de alvoroço a cada passo

Procuro o desenvencilhar duma armadilha

Chama-se medo, dentro de mim...

Aninha-se, é hospede do coração,

é meu algoz, muda meu rumo e direcção.

Viagem onde  com fantasia entrelaço,

palavras brandas, com sorrisos artificiais

E assim meus  dias são feitos de vida atordoante.

 

E n'outros nos demais?

Vivos de frescura viva e penetrante!

Tenho horas de serenidade branda, mas breve,

E aquelas em que mergulho na apatia,

Sonhando um sonho leve.

 

De sombras vivo,

ora sumindo, ora emergindo

Livre de pensamento

E sonho, com asas dasafogadas,

Vôo, vôo a um jardim de enganos

Volto ao  tempo vazio  e já  despojada,

Flutuo,  misteriosamente num  sonho que arde,

Como  audaciosa me sinto!

Porém com  medo que se faça tarde,

E a indolência tome conta de mim.

Deixo dito e não minto!

Eu sou feliz mesmo assim.

 

Poema feito às 16 horas deste dia banalíssimo.

 

 

 

 

 

sinto-me: com alguma luz
publicado por rosafogo às 18:53

Domingo, 09 de Agosto, 2009

 

Agora estou dividida, porque passei a postar no Luso Poemas,

e também já por lá arranjei amigos. É verdade, eu já vos tinha dito, sou como criança curiosa

fui ver depertou em mim o desejo e foi um instante enquanto decidi fixar-me por lá também.

Mas vou estar sempre aqui, quando regresso do Luso, venho cheia de saudades e por isso

vou ver se consigo agora mesmo, deixar uma poesia e visitar alguns amigos.

 

LUTA

 

Longo este caminho escarpado

Que me arrasta p'ra solidão

Da esperança terei resvalado?

Ouço os brados da multidão!

Solidão é tudo o que resta

Tem nome é « desespero»

Mas vejo o Sol além

E espero...

O silêncio se adensa, algo vem

Esboço um sorriso é uma festa!

Mas o futuro ainda é minha pertença?

No olhar  de novo o abatimento

Só me resta o esquecimento.

 

Solto murmúrios, sem entoação

De quimeras nem ouso lembrar

Dissimulo o medo

Da vida perco a noção.

E em segredo,

Fecho-me numa angústia contida

E fico a ouvir meu sonho falar.

Mas  numa luta desabrida

Deito mãos à vida

E perante ameaça de tempos futuros

Finjo ser hera disfarçada, enlaçada aos muros.

Dos meus dias?!

A nostalgia é rainha

Tenho sombras no lugar das alegrias

Fico de rosto sombrio a ruminar

Olho o céu, uma nuvem negra

A tristeza é contágio!? Eu me deixo contagiar!

Ah! Mas à Vida dou refrega!

Não se lembre ela de me deixar.

 

 

 

 

 

 

 

sinto-me: Bem disposta
publicado por rosafogo às 23:51

Sexta-feira, 07 de Agosto, 2009

 

 

Hoje não me apetece rimar, não sei se vai dar, se calhar rimarei sempre que der jeito.

Tenho que confessar que gosto muito da poesia que não rimando, me entra na alma,

quando é bem construída, envolvida  em magia, é como música harmoniosa que se ouve num claustro, quando  os violinos choram, a harpa geme, o piano  reza e tudo então se tranforma numa tão grandiosa beleza que até nossa alma deambula e deixa o corpo esquecido.É assim com a boa poesia que se lê.

 

Agitação

 

 

Meu coração bate como se milagre houvesse

E se eu voltasse ao dia da partida?!

E se voltasse atrás completamente?!

Ao vento selvagem que no rosto me batesse?!

Rever tudo o que ficou no coração silencioso

A praça, o fontanário  o casario,

O rio, só ele murmurava, ele sómente!

É como estar em vésperas duma alegria desconhecida.

E tudo o resto se  apagar da mente.

  

Esta ideia que me faz viver e palpitar

Num desejo de irreprimível felicidade

Ah, como fico ensurdecida pelo bater do coração

Fica -me um sorriso na cara, há uma razão!

Hoje só os meus pensamentos falam

Numa ânsia louca de libertação

Não querem perder o fio à meada!

 

Deixar-me tranquilamente envelhecer? Nunca!

Ficar completamente grisalha? Nunca!

São momentos de loucura, não tentem entender

Ficar com o olhar triste, a palavra em falha?

Bastam os anos perdidos!

As mãos que já não conheço!

Chega de sinais do tempo que me despedaçam

Quero de volta todos os sentidos!

O esquecimento? Não obrigada.

Deixem-me tranquila nesta minha maneira de ser

Deixem-me a sós com a poesia amada.

Logo se vê,  na luta tudo pode acontecer

Há que ganhar e perder...

Por agora quero apenas sonhar, viver.

sinto-me: um pouco louca
publicado por rosafogo às 01:00

Segunda-feira, 03 de Agosto, 2009

 

 

 

Quando era pequena, lembro agora (falo só das mulheres) que as mulheres da minha aldeia, não usavam perfumes, nem usavam cosméticos, então o seu cheiro era natural,

a roupa lavada no rio com sabão azul e branco, seca no arame ao sol, engomada com ferro

de brasas de lenha ou carvão vegetal, todos estes cheiros naturais ainda os sinto hoje,

Houve um tempo em que as mesmas, usavam saiotes engomados de modo a fazer roda

e a sobressair a beleza do vestido, o cabelo era ripado para ficar com volume, e as meias de vidro com risca para sobressair a perna jeitosa,  eram bonitas por natureza e algumas artimanhas que tinham para embelezar um pouco mais, eram apenas coqueterias femininas.

Outra coisa engraçada que lembro, eu que era mais nova, lia muito, romances de toda a natureza, e apesar da pouca idade escrevia com muita facilidade, cartas de amor, quando as mais velhas descobriram, pediam-me insistentemente que fosse eu a escrever aos namorados ausentes (na tropa) e então ,só hoje o digo, escrevi muitas cartas e fiquei a saber muitos segredos dessas raparigas, que quando me vêem sempre fazem questão de falar do assunto. Desde esta época, já distante, que eu sonho escrever alguma coisa, mas

cartas de amor já se não usam o que é uma pena, coisas que eram segredo , passaram a ser do conhecimento geral, então só escrevendo poesia para quem gosta mesmo.

 

E assim deixo mais um poema nostálgico.

 

 

Fruto caído

 

Quebrou-se o alento criador em mim

Sofrido como ramo vergado p'lo vendaval

Palmilho estrelas, procurando luz, caminho sem fim

Faz-se silêncio e surge uma solidão glacial.

E os sonhos que guardei da viagem

Albergo-os no imaginário, bem nítido no coração

Alheio-me da tristeza e dobro-os ainda com coragem,

Faço deles o futuro, ou talvez  tão só a previsão.

Às vezes me assusta o silêncio, sobra desalento,

Fica-me o coração inquieto, triste,

E indolente me fica o pensamento,

Numa impotência, afirmando : como me desiludiste!

 

Hoje, não me sinto senhora de mim

Meu sorriso é forçado, sem calor humano

O rio dos meus dias, serpenteia, embrenha-se e perde-se por fim,

E as horas quais pássaros de passagem, me levam ao engano.

As minhas lembranças, são junquilhos a perder de vista

Nas margens da vida, nos meandros da alma

E nos confins da memória, imagens , já  infinda lista

E por entre mimos e afagos me abandono  e regresso à calma.

 

E do fruto que parecia caído ao chão, entristecido?!

Ainda tem o que quer que seja de triste...

Mas sai do alheamento, o dia está convidativo

E em farrapos de sonhos doces e vagos ,finge que existe.

 

 

 

 

 

 

 

 


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