São todas flores do meu jardim, que me dão uma trabalheira, a jardinagem cansa!
Mas quando tudo está florido até eu me sinto mais jovem, vou regando, tiro as folhas
secas, tudo faço para as ver bonitas, depois quando partem é triste. As despedidas
são sempre tristes, é bom enquanto parece que elas nos sorriem, sabem que ninguém
toca que eu não deixo, só uma de quando em quando, para pôr no Santo António, que é
para Ele me continuar a ajudar, sabem, eu dou-me lindamente com o Santo, para mim é
como se só existisse ele, nunca me lembro d'outro e o que lhe tenho pedido, ao longo
da vida já é tanto que não posso ter dúvidas, ser Ele milagreiro.
Aqui ficam então algumas das minhas flores.
Também hoje deixo umas quadras que vou fazendo, soltas, e vou escrevendo pondo
de lado, mas hoje vou partilhá-las.
Aves Soltas
Já em mim Primavera se fazia
Quando enfim apareceste!
Logo em nós Amor crescia
Fui água límpida que besbeste.
Teu olhar negro eu olhei
Me olhaste sempre fingindo
Também a fingir fiquei
Que Amor estava pedindo.
Mas hoje quando me lembro
Se seria Amor de verdade
Já nem sei se era Setembro?!
Lembro com muita saudade.
Quem não tem saudade do tempo?
Mesmo sendo ele malandro!
Quem me dera nesse tempo!?
Mas o tempo foi passando.
Já o tempo me está levando
Para onde? Eis o mistério.
De que me serve estar lutando
Se ele não me leva a sério.
Podem ser pobres minhas rimas!
Sempre tristes ou com paixão...
São como eu!? Minhas primas!
Não mentem! Eu também não!
Se me entrego à Poesia
Que me sustém e me absorve
Fazê-la é Dor de alegria!
Cantá-la é Dor que me consome.
Envio-te rosas às mãos cheias
Embora tu não me as peças!
Minhas poesias não te são alheias!?
Elas te esperam! E tu regressas!
Singelas, e leves como aves voando, no azul imenso, do céu.