Hoje estou decidida, e quando há vontade, não há que arrepiar caminho, assim sendo, vou
deixar aqui um poesia que fiz há muito tempo atrás. Em geral, ponho sempre o poema mais recente por me parecer o melhor, ou o que mais se coaduna com o meu estado de espírito.
Deixo também, agora que estou a ler «Ficções do Interlúdio »
de Fernando Pessoa, uma quadra deste poeta que eu acho divina
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fruto Ruim
A Vida é osso duro de roer!
É fruto danado de ruim!
Mil sonhos hão-de morrer
E logo morro eu por fim!
Plantei rosas, colhi espinhos
Foi Primavera no meu jardim
Dei abraços, dei carinhos
E a Vida esqueceu de mim!
Sonho obsessivo onde regresso
À fonte clara que me deu Vida
Onde havia sol e era o começo
Deste fim, onde me sinto perdida!
A Vida é agora àrvore que se inclina
À desabrida força do vento
A querer afastar-se da sina
E a deixar nómada o pensamento!