Sexta-feira, 24 de Abril, 2009

Estes cravos me foram oferecidos pelo meu amigo FISGA, para ele vai o meu agradecimento25 ABRIL 2009

Nesta aldeia, onde hoje me encontro, rodeada das minhas flores seria muito do meu agrado falar-vos delas. Elas que são livres de crescer, florir,e morrer no seu pedaço pois nunca tenho coragem de apanhar uma sequer. Mas hoje as flores não são do jardim,  não nasceram em berço de ouro, nasceram sim no campo onde sofreram  as agruras do tempo, desse tempo da ditadura, resistiram á miséria, ao analfabetismo de boca calada e olhos

vendados.As mulheres daqui, do Couço e de Sta Justa  foram mulheres de luta, foram feitas prisioneiras pelos algozes da pide e torturadas, talvez por isso hoje sejam mulheres tristes, reservadas a quem a liberdade nada trouxe de novo.

Mas valeu a sua força! O Mundo as desconhece, mas elas lutaram por um ideal e foram mulheres de antes quebrar que torcer.

Este poema dedico a todos os que sofreram na pele o preço da Liberdade.

 

 

 

 

ABRIL

 

Há silêncio no meu olhar

Silêncio na minha boca!

Morreu em mim a força de gritar

E a esperança no  olhar é já bem pouca.

 

Calada, mas não muda!

Nem cega, nem surda!

O coração ás vezes chora

Mas Abril vive em mim a toda a hora!

Quero ser livre, como andorinha

No meu peito, ainda vive a chama

E na vontade que é minha

Nunca é tarde, quando por Liberdade se clama.

 

Tantas esperanças! Tantos sonhos gorados

Tantas desilusões e  tantos vôos cortados.

 

Mas de peito ao vento

Vou soltando meus ais

Com Abril no pensamento

E no coração, donde não sairá jamais!

 

No sangue que nas minhas veias corre

Será Abril! Liberdade que não morre.

 

 

 

publicado por rosafogo às 22:17

Há pouco, estava a pensar nas tuas palavras e estava a recordar, na verdade não se está bem, basta haver tanto desemprego e tanta família já a sofrer as consequências desta situação desastrosa, e não é por aí que queremos ir, aguardamos e ansianmos que tudo isto se resolva depressa. Mas estava eu a lembrar- me de quando era miúda que os homens íam o dia inteiro cavar ou fazer outros serviços agrícolas pesados, apenas com uma (bucha) que era composta por um pedaço de pão com azeitonas ou coisa parecida era bem maior a miséria. Lembraste concerteza, vê tu do que me havia de lembrar e depois chegados a casa era um prato de sopa e pouco mais. Morreu muita gente tuberculosa. Não é bom esquecer estas coisas, porque agora há dinheiro muito mal gasto, muita dívida que não tem razão de existir, e algumas cabeças a pensar mal.

Desculpa lá toda esta conversa, espero não te aborreças, de vez em quando vêm estas coisa á memória e aí faço comparações.

Um abraço

Olá amiga Rosafogo. Eu lembro-me muito bem desse tempo, e da miséria que havia, mas também se passava tão mal porque os casais tinham muitos filhos, que representavam um encargo familiar muito grande. Hoje podia-se passar melhor se as pessoas não fossem tão cabeça no ar a governar a vida, e estraga-se muito por falta de orientação, eu vejo coisas, que até metem dó, e as dividas, são em boa parte, porque os próprios bancos faziam publicidade enganosa, e as pessoas, que não têm cabeça, deixaram-se ir atrás da conversa dos bancos e agora estão com a corda na garganta. A fartura é mais difícil de gerir do que a falta dela. Um Abraço e bom Domingo. Eduardo.
Fisga a 26 de Abril de 2009 às 11:31

Olá Eduardo

Ainda venho dizer-te o seguinte, as tuas palavras estão certíssimas, os filhos eram muitos, na minha casa apenas três, mas sim, havia casais com muitos, mas hoje e felizmente que assim é gasta-se mais com um do que antigamente com cinco, não tinham sapatos, andavam descalços, a roupa de verão era a de inverno, carne ou peixe? uma vez de quando em quando para dar cheiro á sopa. Vou-te ser sincera eu talvez fosse das menos necessitadas, fui a única mulher do meu tempo na aldeia a ir estudar, mas tinha 18 anos quando me empreguei e só nessa altura soube o que era um bife, um casaco comprido, e outras coisas! Isto só para veres como era, se me ponho a lembrar, fico com um nó na garganta.
Comparado, agora tudo são rosas.Acredito que haja dificuldades, e oxalá a vida não traga de futuro coisas ainda piores.
Querer-se ter tudo o que não se pode, também me faz aflição, talvez porque eu sou do tempo que se juntava, para depois sim se poder comprar ( com sacrifício claro deixando certas coisas para trás e optando por outras).

Olha amigo obrigado por conversares tanto comigo, sabes faz-me bem! Voltei da aldeia onde ainda funciono com a ZON mobile que é um gastador de euros, tenho que resolver outra maneira de ter lá net mais barata.

Agora aqui, já vou visitar-vos a todos com mais calma.

Desculpa toda esta conversa
beijinho


Olá amiga Rosafogo. Tu comigo podes conversar, e sabes que me estás a contar coisas que eu vivi, na pele. Já não se passa o mesmo se contares, as mesmas coisas para os jovens de agora, sabes o que já me têm dito? Que estou a exagerar, que não havia nenhum pai nem nenhuma mãe que fizesse essas coisas aos filhos, que qualquer mãe quer o melhor para os filhos. Olha sabes o que eu respondo? Essa coisa do querer é poder, nesse tempo não existia nos dicionários. Sabes amiga? Eu sou da beira baixa, como deves calcular passei por tudo o que passava qualquer família pobre. Eu apanhei o tempo da guerra, andei nas bichas com as senhas na mão para o pão, feijão, arroz, açúcar, farinha, sabão. Olha amiga era tudo racionado e era bichas para tudo. Por isso sei muito bem o que é a miséria. Eu com 7 anos saí de casa, mas não para a escola, fui trabalhar, para ganhar o que comia, o meu primeiro ano de trabalho, só ganhei o comer, e os meus pais ficaram muito gratos a quem me sustentou. E no segundo ano, ganhei o comer e uma botas com sola de pau, e o terceiro ano já ganhei a comida, umas botas e um fato de serrobeque. e assim fui ascendendo na minha carreira de trabalhador rural. Até que fui para a tropa. E lá depois de fazer a recruta, matriculei-me na escola e em 18 meses tirei a 1ª, 2ª, e terceira classes. Depois saí da tropa empreguei-me nas obras em Lisboa até que em 1953, entrei para a Fábrica de cervejas Portugália, e aí depois é que comecei a estudar até fazer o 5º ano industrial, foi assim a minha vida minha amiga. Olha amiga desculpa lá o relatório, mas é reviver o passado. Um beijinho de amigo, com carinho Eduardo.
Fisga a 28 de Abril de 2009 às 10:33

Lutáste e venceste , a Vida é cheia de lutas, de altos e baixos e é como eu costumo dizer, pobres mas honrados.
Eu nasci um pouquinho depois de ti, mas lembro-me da minha mãe contar o racionamento e as filas para se conseguir
alguns bens de 1ª necessidade, dizia ela que me aquecia o leite no candeeiro de petróleo e me o adoçava com rebuçados por não conseguir açucar. Eu também tenho o Curso de Formação Feminina, e com bolsa ainda fiz 2 anos de Belas artes na António Arroio em Lisboa.Depois empreguei-me porque a despesa era muita e deixei o estudo.O meu primeiro emprego foi no hospital de S. João no Porto, calcula naquela altura uma rapariga sózinha, longe da família foi um escandalo na aldeia, mas olha fiz-me á minha custa, fiz vários concursos e finalmente fiquei nos CTT 5 anos, e o restantes até á reforma na Seg. Social. É quase dizer que também comi o pão que o diabo amassou talvez não tanto como tu, mas ambos sobrevivemos e cá estamos para contar a história.

Um beijinho
Obrigada por teres vindo de novo falr um pouco comigo, gostei

Olha amiga. Mas temos que contar a história a quem acredite. porque uma grande maioria não acredita. porque de facto parece mentira. Um beijinho amiga Rosafogo . Eduardo.
Fisga a 28 de Abril de 2009 às 17:40


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