de Londres.
Ontem lembrei, muitas vezes um professor de matemática , fisica e química, que sempre me chamou de D Quixote, dizendo que eu vivia de sonhos, só via moinhos de vento ,castelos encantados, e o que ele ensinava não servia de nada porque não o ouvia e era sssim de verdade, por isso pouco aprendi sobre estas matérias, mas não esquecerei o Eng. Eloi de Barros era este o seu nome, ao visitá-lo já bem velhinho na sua morada na Av. de Roma, me reconheceu de imediato e me disse: olha a Nátalia das Lapas, a sonhadora, passados quarenta anos, como é possível?!
Ontem também nada sabia sobre o lançamento dum livro, e pouco fiquei a saber, o meu
sonho era conhecer os amigos ,estar com eles, por isso do resto fiquei ausente, de tal maneira que ao chamamento, alguém me despertou, e nesse momento me esforcei para cair na real e falar , mas não consegui, calei cá dentro as palavras que levava no coração.
Apoderou-se de mim a emoção e fiquei assim mesmo «eu» sem jeito. Mas quero aqui deixar expressa a minha gratidão aos amigos que estiveram presentes, pois senti o seu calor e sua amizade verdadeira, também aos ausentes que não podendo estar me enviaram palavras de estímulo.
No fundo do tempo
Meus poemas são música que ninguém tocou
São débeis sóis de esperança de criança curiosa
São pedrinhas atiradas ao charco que a ninguém molhou
Porque me queixo eu? De que estou ansiosa?!
Tivesse eu outra forma de criação?!
Bailarina talvez, exprimindo-me por gestos
Mas a poesia é o meu mundo o meu chão
Meus poemas são grito, são manifestos.
Sentimentos, lamentos e esperanças, neste chão verde
A mão que dou, a palavra que deixo, o que recebo e me afaga
São a água fresca onde mato a minha sede,
Uma força maior que ninguém silencia, nem apaga.
Estão prenhes de utopia por isso me chamam louca
Um dia virá, eles serão o grito, a foça da minha voz já rouca.
Calo-me agora, quando o fim está p'ra chegar
Não resta nada, trago os dias cansados
E o medo espreita no fundo do meu olhar.
Cerro memórias que já são frutos frutificados.
Falei do passado acreditei no presente
O futuro calarei, fátuo fogo em que me apago
A vida não passou dum jogo, correu apressadamente
É bola de fogo, alegria efémera é dor que trago.
Meus poemas, são minha existência a escurecer
Numa solidão onde mais nada há a dizer.
Fico tolhida no fundo do tempo a esquecer
Quanto tempo a vida me tira, sem eu o querer.