Fazem-se os preparativos para as festas que vão decorrer na aldeia de Santa Justa, este fim de semana, já se ouviram alguns foguetes, e hoje apetece sair à rua, pois já se avistam algumas pessoas.Ontem por esta hora, dei o passeio habitual à volta da aldeia e vi apenas,
uma pessoa que ía dar comida às galinhas e outra que se dirigia ao café. Hoje fiz o mesmo passeio, mas como vai haver a bendita festa lá consegui encontrar três almas sentadas à soleira duma porta e mais duas que estavam a montar o palco para os ranchos que amanhã virão actuar. A aldeia está limpíssima, mas a não ser que tenha sido de madrugada não dei por ninguém a limpar.Amanhã haverá procissão que desfilará pelas ruas principais
e à tarde virão dois campinos montados nos seus cavalos com duas vacas mansas sempre ao alcance das suas varas, não vão elas tresmalhar, e também desfilarão ranchos de fora e o da aldeia. Para ser franca eu gosto de presenciar a alegria destas gentes que não têm nais nada e que nestes dias encontram nos festejos a sua alegria , é o encontro de todos
os que permaneçem na aldeia e os que hão-de estar a chegar( os Emigrantes).Não é a minha aldeia de nascimento, mas sim de acolhimento e é simpática, aqui ainda as portas só se fecham à noite, todos se conhecem são primos e primas e eu faço parte de todas as famílias.e não fosse o padre a estragar o ambiente, tudo vivia na santa paz do Senhor.
Hoje por falar de aldeia lembrei a minha e deixo um poema que lhe é dedicado
Lembranças
Ainda no teu orvalho a refrescar me sinto
Volto a ser filha da terra, fico no teu regaço
Ébria de afagos,os raios de sol eu finto
E entrego-te o meu sorriso, o meu abraço.
Respiro o aroma das flores, percorro o teu seio
Baloiço-me nas árvores, onde sopra o vento
Todos os sentidos para ti norteio
Nosso abraço é inevitável, de amor é nosso sentimento.
No teu rio molho os pés, saltitando nos remoinhos
Recordo quando o tempo não passava por mim
Lembro de ser jovem, conheço bem teus caminhos!
Lembro que eu era o próprio tempo que não tinha fim.
Agora, lembro o dia da partida, como se fosse hoje
Levava comigo a tristeza por companhia
Ouço ainda o grito dos pássaros, na madrugada doce
E lembro a chegada do sol anunciando o dia.
Também a saudade de quem ficou, e não esqueceu
Já nada seria como dantes, e na amizade?!
A simplicidade dos gestos, uma carta se escreveu
A ausência sentida se tornaria eternidade.
Lembranças... são lembranças e eu as guardei!
Fechadas num subescrito selado
Cada pormenor dentro de mim gravei,
Com amor mantenho, dentro do peito guardado.
Poema escrito em 15/08/2007