Sexta-feira, 27 de Fevereiro, 2009

Hoje regressei da aldeia, e embora se viva um pouco melhor do que no meu tempo de

criança, ainda vejo algumas delas que me trazem á memória esse tempo distante. Dávamos valor ao  pouco que se tinha, uma ída ao carrocel uma vez por ano, uma boneca de pernas de cana, uma bola feita de trapos, um lencinho bonito para deixar cair na roda, uma simples prata para enfeitar o livro da escola , um pedaço de pão com manteiga ao deitar, é tudo o que me lembro que me fazia feliz e me dava prazer.

 

Companheiros de infância

 

 

Pobreza, tão comum no nosso passado

Pobres, tínhamos tudo: as ruas e o adro!

Tudo era nosso, o sol, a chuva, o vento

Em demasia a pobreza e o céu estrelado

Só a brincadeira presente no pensamento.

 

Dormimos em colchão de palha

De folhas escamizadas de milho

Brincámos ao pião... à malha!

Descalços,  ou com sapato sem atilho.

 

Comemos o pão que o diabo amassou!

Pedimos porta a porta o pão por Deus

Pouca era a roupa, o frio nos assaltou

E bem ligeiros, corrias TU, corria EU.

 

 

 

Crianças de piolho , sempre a aparecer

De ranho no nariz, sem importar

Contentes de poder saltar, correr

Na esperança do joelho vir a sarar.

Afectos, também nisso a pobreza!?

Só nos restava a inocência, a destreza

Na rua, uns com os outros brincávamos

E à noitinha pirilampos apanhávamos.

A pobreza era nossa desconhecida

Na boca, sempre um sorriso, uma cantiga.

Desafiámos o Destino com algum desembaraço,

Hoje somos meninos,apertados,  no mesmo abraço.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sinto-me: Corajosa
publicado por rosafogo às 22:16

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