Na agitação do dia a dia, ainda arranjo um pedacinho de tempo para sonhar. Eu gosto de sonhar, ás vezes vejo-me voando , transportada ao tempo da Juventude, e de repente ele que me leva, me trás e apesar de saber que esses momentos não se repetirão na minha existência, e de isso me entristecer, volto sempre a sonhar.
Já dizia Fernando Pessoa que matar o Sonho é matar-nos, porque ele é o que temos de realmente nosso.
Como eu gostava
Como gostava de ser livre, ter asas, voar!
Igual ao pássaro que salta de ramo em ramo
Em corridas loucas esvoaçar
Ou então ser abelha tocando flores, que tanto amo!
Ser rola! Que arrulha enamorada!
Perder-me no meio das giestas, do alecrim
Saborear o orvalho da madrugada
Aguardar o Sol sorrir p'ra mim.
Espalhar no campo a minha melodia
Abrir asas ao vento, livre, voar
Beber água dos rios, ao cair do dia
E ao cair da noite, num ramo pousar.
Beleza rara, bela, ou pura ilusão?!
Vou descer á terra e ficar no meu chão.
Apesar das doces lembranças que me prendem
Como eu gostava, de ser livre como o vento
E dizer áqueles que não me entendem
Que o Sonho é flor e fruto do meu pensamento.
