NO FUNDO DO TEMPO
Meus poemas são música que ninguém tocou
São débeis sóis de esperança de criança curiosa
São pedrinhas atiradas ao charco que a ninguém molhou
Porque me queixo eu? De que estou ansiosa?!
Tivesse eu outra forma de criação?!
Bailarina talvez, exprimindo-me por gestos
Mas a poesia é o meu mundo o meu chão
Meus poemas são gritos, são manifestos.
Sentimentos, lamentos e esperanças, neste chão verde
A mão que dou, a palavra que deixo o que recebo e me afaga
São água fresca onde mato a minha sede,
Uma força maior que ninguém silencia, nem apaga.
Estão prenhes de utopia por isso me chamam louca
Um dia virá, eles serão o grito, a força da minha voz já rouca.
Calo-me agora, quando o fim está p'ra chegar
Não resta nada, trago os dias cansados
E o medo espreita no fundo do meu olhar.
Cerro memórias que são já frutos frutificados.
Falei do passado acreditei no presente
O futuro calarei, fátuo fogo em que me apago
A vida não passou dum jogo, correu apressadamente
É bola de fogo, alegria efémera é dor que trago.
Meus poemas, são minha existência a escurecer
Numa solidão onde mais nada há a dizer.
Fico tolhida no fundo do tempo a esquecer
Quanto tempo a Vida me tira, sem eu o querer.
rosafogo